11 de junho de 2019
A endometriose é uma doença que pode levar a mulher à infertilidade, embora isso não ocorra em todos os casos. É necessário avaliar individualmente para encontrar e melhor indicação de tratamento.
A fertilização in vitro (FIV) é a técnica de reprodução assistida mais realizada no mundo atualmente. Trata-se de uma técnica que permite a fecundação dos óvulos pelos espermatozoides em laboratório, aumentando as chances de gravidez.
Nem sempre a FIV pode ser indicada de início. Dependendo das características da endometriose, é fundamental tratá-la.
Quer saber mais sobre a relação entre endometriose e FIV? Continue lendo o texto.
A endometriose é uma doença inflamatória, crônica e estrogênio-dependente, portanto se desenvolve durante a vida fértil da mulher e regride após a menopausa, quando a reserva ovariana termina e a produção de estrogênio diminui.
A endometriose é uma doença complexa que pode afetar não somente o sistema reprodutor feminino como também outros órgãos, embora seja mais incomum.
Trata-se de uma doença que se caracteriza pela presença de tecido semelhante ao endometrial (tecido que forma o endométrio, camada interna do útero) em outros órgãos do corpo feminino, principalmente da região pélvica, como útero, ovários, tubas uterinas e bexiga, causando os sintomas particulares da doença e outros.
Essa doença tem características que podem vir a prejudicar a fertilidade feminina de diversas formas. O endométrio é a camada que reveste a parede uterina. Ele pode variar de espessura de acordo com a etapa do ciclo menstrual da mulher.
Sua função é permitir o alojamento do embrião na parede do útero durante a fase conhecida como nidação. Ele também permite a formação da placenta, que será responsável pela nutrição e proteção do bebê durante a gravidez.
Entretanto, há casos em que esse tecido migra ou aparece em regiões incomuns, estimulando a produção de fatores inflamatórios e podendo causar infertilidade.
A endometriose pode afetar a fertilidade da mulher de diversas formas. Ela tem influência na ação dos hormônios durante o processo de ovulação, podendo alterá-los de forma a prejudicar a fertilidade.
A ovulação é o período mais importante do ciclo menstrual, e é por vezes chamada de período fértil, pois é durante essa fase que o óvulo se encontra maduro para ser fecundado.
Esse procedimento envolve a ação de diversos hormônios e, quando não estão agindo em harmonia, podem ter influência no amadurecimento do óvulo e funcionamento dos ovários.
A endometriose pode prejudicar a liberação do óvulo em direção às tubas uterinas, também chamadas trompas de Falópio, dificultando, dessa forma, a fecundação. Ela também pode interferir no transporte do óvulo até as tubas uterinas.
A doença também tem influência na receptividade endometrial, ou seja, na preparação do útero para receber o embrião. Quando isso ocorre, a implantação do embrião pode não acontecer ou ser dificultada, fazendo com que a gestação não ocorra.
A FIV se inicia com a estimulação ovariana. A paciente faz uso de medicamentos hormonais para que seus ovários produzam uma quantidade maior de folículos, necessário para aumentar as chances de sucesso da FIV.
Quando esses folículos estão nas dimensões adequadas, a mulher recebe uma dose de hCG, hormônio que provoca a maturação dos folículos.
Aproximadamente 35h depois do hCG, é feita a punção folicular, retirada dos folículos diretamente dos ovários. Os folículos são enviados para análise, identificação e separação dos óvulos, que são fecundados pelos espermatozoides, coletados simultaneamente.
A fecundação pode ser feita pelo método clássico ou por injeção intracitoplasmática de espermatozoide (ICSI).
No primeiro método, óvulos e espermatozoides fecundam em uma placa de cultivo. No segundo, cada espermatozoide selecionado é injetado em cada um dos óvulos, aumentando as chances de fecundação.
Os embriões formados são monitorados por alguns dias até serem transferidos ao útero da mulher.
Cada etapa da FIV é acompanhada por uma equipe especializada.
A realização da FIV em mulheres com endometriose dependerá do grau e da localização da doença, assim como ocorre com os miomas uterinos.
O médico analisa a paciente a fim de decidir se a FIV poderá ser realizada. O procedimento de estimulação e coleta de óvulos é semelhante em pacientes com endometriose.
Se houver o risco de a endometriose afetar o transporte de óvulos e embriões ou a implantação do embrião no útero, assim como o desenvolvimento do feto, pode ser necessária uma cirurgia antes da FIV.
A endometriose profunda, forma mais grave de manifestação dessa doença, exige, em muitos casos, o tratamento cirúrgico das lesões endometriais. Esse tratamento também auxiliará a aliviar os sintomas.
Fatores como a idade da mulher e as taxas de sucesso de tratamentos realizados anteriormente também serão analisados.
Caso a mulher já tenha realizado alguma técnica de reprodução assistida e não tenha obtido o resultado desejado, ou seja, a gravidez, o médico poderá também considerar a operação da endometriose.
Também pode ser necessária a realização de ajustes das doses dos hormônios utilizados durante a fase de estimulação ovariana, especialmente em casos nos quais há um comprometimento ovariano.
Esse ajuste tem a finalidade de controlar a ação dos hormônios no corpo da mulher, já que a ação da endometriose pode comprometer as chances de engravidar ao alterar a forma como os hormônios agem no corpo.
A FIV pode ser uma alternativa para mulheres que apresentam problemas de infertilidade e têm o sonho de engravidar. O médico deve realizar a análise da paciente para indicar o método mais adequado, de acordo com seu histórico clínico.
Há ainda muita desinformação acerca da FIV e da endometriose. Por isso, compartilhe esse texto em suas redes sociais para auxiliar mais mulheres a entender essa relação.