15 de outubro de 2019
A transferência de embriões é uma etapa exclusiva da FIV (fertilização in vitro), visto que esse é o único método de reprodução assistida em que a fecundação ocorre fora do organismo feminino.
Quando os embriões são gerados em meio laboratorial, sua transferência pode ser realizada de modo imediato, de acordo com as quantidades reguladas pela resolução 2168 de 2017 do Conselho Federal de Medicina (CFM), ou em ciclo futuro após congelamento e descongelamento. Os embriões excedentes devem ser congelados.
No entanto, há casos em que a transferência pode não ser realizada após a obtenção e o cultivo dos embriões, havendo a necessidade de congelá-los. O congelamento de embriões e/ou de gametas é uma forma de preservar a fertilidade do casal.
Embriões congelados podem ser posteriormente utilizados para a realização da técnica de FIV. Sua utilização, cujas regras são regulamentadas pelo CFM, é o assunto que será abordado neste artigo.
O congelamento de embriões ou criopreservação é uma técnica que evoluiu com o tempo, apresentando atualmente altas taxas de sucesso na transferência de embriões.
Congelar embriões ou gametas tanto masculinos quanto femininos é um método de preservação para posterior utilização, permitindo a extensão da realização da técnica de FIV para outros períodos.
Embriões que não foram transferidos durante o ciclo da FIV são congelados, e os pacientes devem manifestar por escrito sua intenção relacionada à utilização desses embriões, que podem ser doados, utilizados para fins de estudo, transferidos em um novo ciclo caso haja falha de implantação ou descartados após três anos.
Também pode-se realizar a técnica chamada freeze-all, que consiste no congelamento de todos os embriões gerados na etapa de fecundação da FIV. Essa técnica é considerada eficiente para solucionar possíveis falhas de implantação embrionária. Os embriões congelados são transferidos em outro ciclo menstrual, permitindo a realização de testes para analisar a receptividade endometrial.
O congelamento de gametas visa preservar a fertilidade do casal. Esses gametas podem ser doados ou utilizados para a posterior realização de técnicas de reprodução assistida.
Há dois métodos de congelamento: lento ou vitrificação. O congelamento não é mais utilizado, portanto só abordaremos a vitrificação.
Os embriões a serem congelados são submersos em substâncias crioprotetoras, de modo a evitar a formação de cristais de gelo no interior dos embriões conforme eles são congelados. Isso ocorre porque variações térmicas muito abruptas podem interferir no transporte de água feito através da membrana celular, propiciando a formação desses cristais. Dessa forma, as estruturas internas das células são preservadas.
O congelamento pode ser feito com uma redução progressiva da temperatura até que se atinja a temperatura almejada. Na vitrificação, o embrião é congelado de modo ultrarrápido, em um processo que tem duração total de três minutos.
Os embriões congelados são armazenados em nitrogênio líquido, podendo permanecer ali por tempo indeterminado.
A criopreservação tem o objetivo de manter a integridade estrutural e viabilidade celular ao submeter essas células a baixas temperaturas. Dessa forma, sua composição e funcionalidade se mantêm inalteradas. Para serem utilizados, esses embriões devem ser descongelados.
Para serem utilizados na FIV, os embriões são descongelados. Esse processo é inverso àquele realizado na criopreservação e ocorre no mesmo dia da transferência embrionária.
Para descongelar os embriões, são retirados os compostos crioprotetores conforme a temperatura aumenta.
O útero deve ser preparado para receber o embrião. Essa preparação é feita por meio da administração de medicamentos hormonais que visam estimular o aumento da espessura do tecido endometrial, camada que reveste o interior do útero.
O endométrio é o local no qual o embrião se implanta para que a gravidez tenha início. Dessa forma, sua preparação é importante para que não haja uma falha de implantação e o embrião consiga se fixar com sucesso.
O objetivo dessa preparação, portanto, é fazer com que o endométrio fique em condições semelhantes àquelas que ocorrem durante a etapa de ovulação.
As altas taxas de sucesso na transferência de embriões congelados são as mesmas em comparação com embriões utilizados a fresco.
O procedimento de transferência de congelamento de embriões também visa diminuir os riscos de malformação genética e de abortos espontâneos conectados com a qualidade dos embriões. Para tal, são selecionados os melhores embriões para serem transferidos para o útero da mulher.
Além disso, a transferência de embriões congelados na FIV também diminui os riscos da síndrome de hiperestimulação ovariana (SHO), que pode ocorrer durante a etapa de estimulação ovariana, representando um risco para a implantação bem-sucedida do embrião na parede uterina.
O processo de transferência de embriões congelados também é associado a riscos menores de hemorragia e partos prematuros.
A transferência de embriões congelados na FIV apresenta altas taxas de sucesso, e o uso desses embriões é regulamentado pelo CFM, seguindo princípios éticos por ele estabelecidos.
Esperamos ter esclarecido suas dúvidas acerca dessa técnica, seu funcionamento e as regras a ela relacionadas. Compartilhe esse artigo em suas redes sociais.